O primeiro aspecto a se ressaltar é a dimensão da mobilização: são cerca de 2 milhões de pessoas em todo o país se manifestando nas ruas contra o regime. Não apenas as classes baixas, mas a classe média e alta estão engajadas nos protestos – segundo o blog de Miriam Leitão, colunista d’O Globo, uma fonte diplomática chegou a afirmar que conversou com uma mulher da alta classe média do Cairo e ouviu que ela havia mandado os filhos para a manifestação. O desejo de mudança parece esmagador na população.
O ditador, ao perceber a mobilização, tomou como medida primeira o bloqueio do acesso à internet no país, tentando evitar que as informações fluíssem, e que o mundo tomassem conhecimento dos protestos (entenderam porque liberdade de expressão é um “Direito Humano”?). A imagem abaixo, publicada por Marcelo Tas em seu blog com o título “Alguém ainda duvida das redes sociais?” ilustra o desejo de um manifestante em propagar suas ideias através da internet:
Aqui peço licença ao leitor para um contraponto, saindo do Egito e nos direcionando à realidade da segurança pública brasileira, onde um Capitão do Corpo de Bombeiro Militar do Rio de Janeiro (CBMERJ) encontra-se preso no momento em que escrevo por ter enviado a seguinte mensagem SMS para o Secretário de Saúde, ao qual o CBMERJ está subordinado:
“Se tiver vergonha nos próximos 4 anos, tente ao menos olhar para os que são bombeiros de sua SECRETARIA. Feliz 2011!” (sic)
Entenda mais sobre a medida aqui.
Voltemos ao Egito, a uma das imagens mais instigantes dos protestos, onde um capitão (coincidência?) do Exército Egípcio desertou publicamente, e se uniu ao coro das reivindicações contra o governo Ditatorial. Fardado e identificado, foi carregado nos ombros do povo:
Segundo O Globo, o Capitão Ehab Fathy disse publicamente que “Deixei meu posto para vir com vocês, pois sou contra Hosni Mubarak. Muita gente nas forças armadas sabe julgar e ser justo!”.
As iniciativas dos capitães nos fazem refletir sobre os limites da obediência e da submissão a um regime político. Qual é o maior bem que pode ser atingido por um governo? Qual o ponto em que o silêncio deixa de ser aceitável? Quando o protesto e a expressão da indignação é inevitável?
Outro ponto é o quanto é curioso ver o como algumas medidas extremas de repressão à opinião e à liberdade de expressão se assemelham em governos distintos, separados, mesmo com aparentes níveis distintos de democracia. De todo modo, é preciso observar a coragem dos capitães Botto e Ehab, que ousaram abraçar causas arriscando o conforto de seus cargos e patentes. A eficácia de suas coragens, só o futuro dirá…
Um comentário:
Não à política de bonificações
O policial militar não é um garçom, para receber "gorjeta" (gratificação)!
O policial militar não é um mendigo, para receber "esmola" (bolsa)!
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