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sábado, 26 de dezembro de 2009

Mário Sérgio Duarte: 'Queremos menos papel e mais ação’



Aumentar o rigor contra os desvios de conduta está nos planos do comandante-geral da PM
Rio - Aumentar o rigor contra os desvios de conduta está nos planos do comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, como uma das principais estratégias para 2010. O oficial aposta em um projeto revolucionário para a Corregedoria da corporação.
A meta é investir R$ 1 milhão na compra de equipamentos, como máquinas fotográficas e filmadoras, na capacitação de profissionais e no trabalho em inquéritos militares com o auxílio de escutas telefônicas. “Queremos os agentes nas ruas”, avisa. O comandante trata ainda as Unidades de Polícia de Pacificação (UPPs) como a melhor solução para retomar os territórios dominados pelo tráfico.
Em entrevista a O DIA, o oficial ainda projeta como pode ser a UPP do Complexo do Alemão, na Penha, e anuncia investimentos na compra de armamento e construção de mais um hospital na Zona Oeste. Há cinco meses à frente da corporação, Mário Sérgio faz um balanço de sua gestão.
Nos últimos cinco meses, dois casos envolvendo policiais militares chocaram a população. Em um, um músico do AfroReggae morreu, e em outro, uma vendedora sobreviveu mesmo depois de ter levado um tiro de fuzil de PM que exigia dinheiro.
Como reverter esse quadro na PM?
Mário Sérgio Duarte: Foi a PM que prendeu os dois policiais que agiram contra a vítima de extorsão. Isso é banditismo, uma situação vergonhosa. Por sorte, nós temos uma legislação contra desvio de conduta, e o comandante tem força para prender sem que juiz algum tenha expedido mandado de prisão. Isso nós dá celeridade, pois ele poderia fugir. Quando você pergunta como homens são capazes de fazer isso, vou ter que perguntar para Deus, a criação é Dele. Mas a corrupção é um desafio que tem que ser enfrentado pelo País. O criminoso sutil coloca o dinheiro na cueca, na meia. O traficante atravessa o fuzil. Mas os dois são criminosos.
Mas como enfrentar o desafio da corrupção dentro da corporação?
Queremos os agentes da Corregedoria nas ruas. Vamos mudar a cultura da burocracia. Investigação não pode ser burocrática. Temos que fazer um inquérito policial com escutas telefônicas, filmagens e fotografias. Infiltrar agentes onde for necessário. Para isso, vamos investir R$ 1 milhão em capacitação e equipamentos para a utilização dos policiais. Hoje, temos uns 500 homens e não há necessidade de dobrar o efetivo. Temos que romper com a cultura do ‘senta aqui, me conta o que você sabe’. Qualquer averiguação tem que ter 200 páginas. Queremos menos papel e mais ação. Os agentes da Corregedoria precisam estar nas ruas para observar o policial. O PM tem que saber que não pode errar, pois terá sempre alguém o observando.
O senhor pretende, então, transformar agentes em investigadores?
Sim. Vamos transformar policiais em investigadores e não em interrogadores dentro de escritórios. Até porque muitos policiais são expulsos da corporação disciplinarmente, mas foram absolvidos pela Justiça. A Corregedoria sempre foi entendida como um espaço jurídico, mas tem que ser entendida como um espaço policial. Além disso, queremos mais ações preventivas. Temos um programa sendo montado.
E como as ações preventivas serão aplicadas?
Vamos fazer a previsão de um sem-número de pequenos erros. Por exemplo, é muito comum o policial comprar carro usado. Na PM é difícil o policial comprar um zero. Eventualmente, ele compra um carro aparentemente regular, mas o veículo é irregular, produto de furto, teve o chassi remarcado, foi clonado. Tenho que fazer uma profilaxia disso. Não tenho que ficar só esperando o caso acontecer para expulsar o PM da corporação. A tropa tem que evitar o erro. A Corregedoria vai investigar a aquisição de veículos. Vamos dar um banho de conteúdo na Corregedoria da PM.
Enfrentar a corrupção dentro da corporação é um desafio. Fora dela, combater o tráfico ainda é a prioridade absoluta?
Sem as Unidades de Policiamento Pacificadoras (UPPs), não é possível conseguir inclusão social. Estudamos 100 favelas que são verdadeiramente problemáticas. Fizemos o trabalho com base na hierarquia do poder bélico, traficantes, capacidade de deslocamento e tamanho das regiões.
Mas as UPPs não chegaram a áreas de grande conflito, como as da Zona Norte. Há dois meses, por exemplo, um helicóptero foi abatido em confrontos de traficantes em Vila Isabel.
O que falta para isso acontecer?
Tivemos uma série de eventos desde que assumimos que nos trouxeram inquietação. Porque a gente imagina que terá problemas, mas não tantos. O piloto, quando viu que a aeronave estava em chamas, adotou o procedimento correto. As UPPs, acredito, chegaram a pequenas favelas por questões de estratégia e pela questão do turismo regional. A área era rentável para o tráfico de drogas, mas foram isoladas.
O senhor acha que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) conseguiu tomar a Cidade de Deus?
É tempo de guerra e o Bope está em ação para trazer a paz. As apreensões na Cidade de Deus vão continuar. Mas a região já respira ares de liberdade. Mas o preço da liberdade é a eterna vigilância. O Bope vai ficar na Cidade de Deus o tempo que for necessário.
E a qual a próxima área beneficiada pela UPP?
Isso é uma decisão da Secretaria de Segurança. Não gosto de falar em tolerância zero, mas aonde há UPP não pode ter crime. A unidade representa o afastamento de bandidos e acaba com a exposição de armas. O Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (Gpae) não conseguiu isso. A gente tinha Gpae no Cantagalo e Pavão-Pavãozinho e as pessoas de baixo fotografavam os traficantes transitando. Nós não queremos que a UPP seja agência reguladora do tráfico, como o Gpae estava sendo.
Há um ano, a PM não entra no Complexo do Alemão. Há informações de que bandidos expulsos da Zona Sul tenham buscado refúgio naquela região. De forma hipotética, como seria a estratégia de ocupação para instalar uma UPP naquela área?
Se todos estão indo para um lugar só, ótimo, uma hora eles não vão escapar. Serão capturados pela polícia. Uma UPP no Complexo do Alemão vai exigir muito mais tempo de ação do Bope, do Batalhão de Choque e outras forças repressivas. Nós não podemos esperar que no Complexo do Alemão a gente vá consolidar a instalação em semanas. Existe toda uma estrutura de poder montada naquele local. Hoje, entrar no Alemão apenas para apreender armas e drogas não é a melhor alternativa. A gente pode entrar lá a qualquer momento, mas estamos preparando a melhor forma de fazer isso. Não adianta entrar e sair.
O cerco ao tráfico no Rio também tem forçado os traficantes a ir para Baixada, São Gonçalo, Niterói e Interior. Qual o planejamento de reforço de policiamento nessas regiões?
A rigor, essas áreas sempre estiveram ligadas aos criminosos do Rio. O traficante do Alemão Antônio José de Souza Ferreira, o Tota, era de Niterói. Mas a PM faz parte do sistema de inteligência do estado. Trocamos informações até com a Polícia Federal e outros órgãos. É comum que, quando se aperta o cerco no Rio, eles possam espirrar para outras áreas. Aí é monitoramento e ação, para que sejam presos e tirados de circulação. A Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada, está recebendo muitas ações policiais.
Mas a política de confronto com os traficantes tem encontrado resistência. A ONG Human Rights divulgou um relatório em que a Polícia do Rio aparece como a mais violenta do País. Como o senhor avalia essas críticas à polícia?
Eles chegam sedutores, fazendo crer que nós somos maus, e desprezam o outro lado da moeda. Não querem enxergar os fuzis na mão do tráfico. Olham para o traficante e enxergam a vítima, não o algoz do Estado. Tivemos um sargento do 22º BPM (Maré) morto na véspera da divulgação, mas eles não vão dar importância a isso, não vão contabilizar.
Mas como o número de autos de resistência pode ser reduzido?
O uso gradativo da força sempre foi orientação. Mas houve um momento de tantas mortes, que virou guerra particular. Só que, numa situação onde o traficante diz que vai atirar em você, armado e cheio de carregadores na mochila, não há tempo para fazer aqueles protocolos do Direito Comum. Ou seja: ‘Pare, renda-se, entregue a sua arma’. Quando o policial aparece, do outro lado já chove balas na direção dele.
E como o policial pode ser preparado para enfrentar esse tipo de situação? A PM pretende comprar mais armamento?
Ano que vem, vamos investir R$ 10 milhões na compra de pistolas calibre 40 e munição. Todo policial, a partir da graduação de cabo, vai ter uma arma da corporação com ele 24 horas. Desta forma, o policial não vai precisar comprar uma arma com seus recursos.
Qual o balanço que o senhor faz da sua gestão?
Já passamos por momentos muito difíceis. Mas estamos elaborando os nossos projetos. E mais, estamos interagindo com a Polícia Civil. Falo com o chefe da instituição, Allan Turnowski, pelo menos três vezes por dia. Isso é muito importante para a área de segurança. É a consolidação da integração entre as polícias.
E qual o próximo projeto importante da corporação para o ano que vem?
Vamos construir mais um hospital para a corporação na Zona Oeste. Fizemos um levantamento e vimos que a maioria dos policiais mora naquela região e na Baixada Fluminense. A construção de um hospital, que será no modelo das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), vai permitir um tratamento melhor para a tropa e desafogará o Hospital Central da PM, no Estácio. Na nova unidade, será feito o atendimento clínico e de microcirurgias aos policiais e seus dependentes. A meta é começar a obra no fim do ano que vem.
Como a Polícia Militar está se preparando para atuar na Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016?
Policiais do Bope já iniciaram a preparação para os eventos. Enviamos equipes para treinar com policiais de outros países. No início do ano, vamos estender os treinamentos à Companhia de Cães, ao Batalhão de Choque e ao Grupamento Aéreo e Marítimo (GAM). Todo o nosso planejamento está sendo seguido à risca. São eventos que não estarão sob o meu comando, mas o trabalho tem que começar agora. A semente tem que ser plantada hoje. Tanto a Copa quanto as Olimpíadas são conquistas históricas para a cidade.

10 comentários:

Anônimo disse...

Esse é um grande homem e não um comandante autoritário que estamos acostumados, acredito que a PMERJ só tem a ganhar enquanto ele estiver no comando. Temos que parabenizá-lo pelos benefícios trazidos por ele aos componentes da honrada instituição. RP

Anônimo disse...

"A Inteligência da Secretaria de Segurança do Rio interceptou em uma favela carioca uma carta de Marcinho VP. O chefão do Comando Vermelho, detento de um presídio federal, revela saber de uma investigação sobre empresas de parentes seus usadas para lavar dinheiro do tráfico e promete infernizar a cidade, caso algo aconteça. A ameaça pode ser balela, mas o vazamento, não. A operação, de fato, vem sendo preparada (pela 38ª Delegacia Policial) sob absoluto sigilo – exceto, é claro, para o bem relacionado Marcinho".
Pois é...

Anônimo disse...

DECRETO Nº 39.109, DE 04 DE ABRIL DE 2006, SOBRE PROMOÇÕES, SÓ BENEFICIOU OS BMs. ESQUECERAM DOS PMs!


É justo dentro do mesmo Estado os Sargentos concursados do CBMERJ e da PMERJ terem promoções diferenciadas??

O Sargento PM de curso também quer esse "incentivo"! Os bons Policiais Militares precisam ser valorizados...

A PMERJ está sendo NIVELADA POR BAIXO!

É um absurdo os Sargentos "de curso" (CFS) da PMERJ ficarem 6 (seis) anos na mesma graduação e os Jurunas apenas 5 (cinco)!

SERÁ QUE NINGUÉM NA ALERJ TEM COMPROMISSO COM A SEGURANÇA PÚBLICA???

OS SARGENTOS DE CURSO DA PMERJ TAMBÉM MERECEM ESSE DIREITO.

O CONCURSO INTERNO TEM QUE SER VALORIZADO NA PMERJ, COMO É NO CBMERJ!

Temos que observar o princípio da eqüidade, pois os Bombeiros e os PMs pertencem à mesma categoria. Em nossa Carta Magna, suas destinações constitucionais se encontram sob o mesmo capítulo da segurança pública.

O Interstício mínimo deveria ser:
4 (quatro) anos de permanência na graduação de 3º Sargento;
3 (três) anos de permanência na graduação de 2º Sargento;
2 (dois) anos de permanência na graduação de 1º Sargento.

Em apenas 9 (nove) anos, o concludente do Curso de Formação de Sargentos (CFS), tendo feito o Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS) como 2º Sargento, chega no mínimo à graduação de Subtenente.

Não pode o PM promovido por tempo de serviço (SGT juruna) levar a melhor sobre o Sargento concursado (SGT "de curso")! Isto é um ATENTADO À HIERARQUIA e DESMOTIVA a tropa! Do jeito que está não pode ficar!

O verdadeiro Sargento é o Sargento "de curso"!

Anônimo disse...

A função de Sargento na PM deveria ser preenchida somente através de concurso para a referida graduação. No CBM eu não vejo as injustiças que ocorrem nas promoções dos PMs (um cursado ser ultrapassado por um juruna, por exemplo). Isto não é preconceito, é uma questão de JUSTIÇA!

Anônimo disse...

Não quero Bolsa Formação, só quero o meu soldo acima do salário mínimo vigente!

Anônimo disse...

I N J U S T I Ç A

No CBMERJ, os Sargentos concursados são promovidos mais rápido...

Anônimo disse...

SÓ COM MOBILIZAÇÃO SEREMOS VALORIZADOS

O AUMENTO NECESSÁRIO PARA EQUIPARAR O SOLDO DO SOLDADO (PMERJ/CBMERJ) AO SALÁRIO MÍNIMO EM 2010 SERÁ DE 70%!

NÓS TEMOS QUE EXIGIR 70% (SETENTA POR CENTO).
O SOLDO DO SD DEVE SER, NO MÍNIMO, O MÍNIMO!

TODOS CONTRA O CABRAL...

Anônimo disse...

CABRAL DARÁ APENAS 5% DE AUMENTO EM 2010

Em 2010, o governo do estado deverá conceder reajustes salariais nos meses de maio e junho. Saúde, Educação e Segurança receberão cerca de 5%. A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou uma expectativa de aumento salarial no Orçamento de 2010, o que geralmente não acontece. Lembrem-se,2010 é um ano eleitoral, somente permitindo a concessão de aumento até o fim de junho.

Anônimo disse...

o comentario sobre a promoção DOS CFS 2006 eu concordo com o que foi dito sobre intertício, porem acrescento, que todos os os sgt CFS 2006 deveriam ser transferidos para o BPRV LINHA VERMELHA, PERIMETRAL E CVE AV.BRASIL. Para demonstrarem sua infinita inteligencia e "definida operacionalidade"

Anônimo disse...

Nós temos que lutar pelo SOLDO, que não pode ser inferior ao SALÁRIO MÍNIMO vigente.

PARA EQUIPARAR O SOLDO DO SOLDADO (PMERJ/CBMERJ) AO SALÁRIO MÍNIMO, EM 2010, NÓS TEMOS QUE EXIGIR 70% (SETENTA POR CENTO).

COME TODO MUNDO (ATIVOS E INATIVOS), OU TODOS FICAM COM FOME!

Ou a todos, ou a ninguém!

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